Respeito
Talvez tenha ficado num galpão de quincha pobre…
Talvez tenha sumido entre os brilhos de algum cobre.
O certo é que não se acha, nem por decreto ou razão,
O respeito morreu quieto, sem pedir a extrema-unção…
Morreu na resposta rude de um guri ao pai que ensina,
morreu na mão de um covarde que diz ter “cumprido a sina”!
Se foi no peito de um homem que escolheu pra seu caminho,
trocar o bom da partilha pela solidão do espinho...
Quem fala nele hoje em dia, parece que exige o mundo!
Mesmo que a sinceridade perca seu querer profundo…
O respeito foi-se embora pelas frestas da janela,
Corrido a gritos e berros, antes de abrir a cancela.
Ficou mudo, sem costeio… Sem rancho e sem os arreios!
Parece até que esse tempo partiu o respeito ao meio…
Um lado pede que vejam e cobra tudo pra si,
E o outro braveja longe que se perdeu por aí…
Quem sabe volte ao seu posto nesse fundão de Querência…
Quem sabe ponha sentido no que resta da existência!
Mesmo assim o que se sabe não é mais que a esperança,
De ver o respeito em vida, nos olhos de uma criança.
Ainda que sepultado, sem funeral nem “amém!”...
O próprio respeito sabe quando a falta lhe convém!
Não deixa herança à mentira, não pede benção pros seus,
Pois sabe que a mais valia vem sempre das mãos de Deus…
Um dia há de voltar, mesmo em quem não conhece,
Vai voltar num povo inteiro entoando a mesma prece!
Talvez bem encilhado, de rédeas firmes na mão,
talvez num andar tranquilo de quem busca um coração…
Vai voltar na mão amiga que empresta a fé que restou,
Na doce voz de uma mãe que muito lhe aconselhou!
Vai voltar do mesmo jeito que foi embora daqui,
No olhar do pai mais velho que ensina o seu guri…
Resistiremos ao tempo, enquanto não mostrar o rosto…
Ficaremos dos mormaços às geadas dos agostos!
Até que volte ao seu posto, e que é seu por direito:
Resistiremos de novo, até voltar o respeito!
Talvez tenha sumido num galpão de quincha pobre…
Ou talvez tenha morrido entre brilhos de algum cobre.
O certo é que não se acha, nem por decreto ou razão,
O respeito que faz falta, mora junto ao coração.